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Inteligência artificial: bolha ou revolução?

Edifício em Nova York com uma placa dizendo "estamos vivento em uma bolha?"

A cada geração surge uma promessa capaz de encantar mercados, inspirar visionários e gerar desconfiança nos céticos. No século XIX foram as ferrovias; no início do século XX, o rádio e a eletricidade; no fim dos anos 1990, a internet. Hoje, a vez é da inteligência artificial (IA). Com avanços impressionantes e investimentos recordes, a tecnologia parece estar em todos os lugares: das salas de reunião das maiores corporações do mundo às conversas casuais de estudantes que pedem a um chatbot ajuda com um trabalho acadêmico.

Mas, junto com o fascínio, nasce a pergunta inevitável: será que estamos vivendo uma revolução genuína ou apenas repetindo mais um capítulo do longo livro das bolhas especulativas?

As manias que marcaram a história

Para entender esse dilema, vale revisitar algumas histórias já contadas. As bolhas sempre têm um enredo parecido: começam com uma novidade que promete mudar o mundo, atraem investidores de todos os perfis, alimentam expectativas além da realidade e, em algum momento, encaram o choque da decepção.

Ferrovias: a internet do século XIX

A Inglaterra vitoriana viveu isso em meados de 1840 com a chamada “mania das ferrovias”. O trem era a internet de sua época: prometia encurtar distâncias, abrir novos mercados e acelerar a vida. A corrida por ações de companhias ferroviárias foi tão intensa que pessoas comuns vendiam propriedades para investir em linhas que, muitas vezes, nunca saíam do papel. Entretanto, quando o excesso ficou evidente e os custos superaram os lucros, os preços desabaram, arruinando fortunas.

Os anos 1920 e a Grande Depressão

Algumas décadas depois, em 1929, os Estados Unidos atravessavam os “anos loucos”, embalados pelo crédito fácil e pela confiança de que a modernidade – automóveis, rádio, eletricidade – sustentaria um crescimento infinito. Contudo, o colapso da bolsa de Nova York foi o estopim da Grande Depressão, lembrando ao mundo que até os sonhos mais brilhantes podem ser esmagados pelo peso da realidade.

O estouro da bolha das pontocom

Na virada do milênio, foi a vez das pontocom. O simples fato de uma empresa colocar “.com” em seu nome já bastava para que investidores despejassem milhões, mesmo sem modelos de negócio claros. Durante alguns anos, parecia impossível perder dinheiro ao apostar na internet. Até que veio 2000: empresas queimando caixa sem entregar resultados, ações despencando e investidores correndo em pânico. Curiosamente, a internet em si não desapareceu – ao contrário, tornou-se a base da economia global. O que caiu foi a espuma especulativa que se acumulou em torno dela.

O mercado imobiliário em 2008

E em 2008, a euforia não veio de uma nova tecnologia, mas do mercado imobiliário. A crença de que imóveis “nunca perdem valor” levou bancos a emprestar sem critério e famílias a se endividarem sem limites. O resultado foi um efeito dominó que abalou a economia global.

Em todos esses episódios, o roteiro se repetiu: uma ideia plausível, seguida de euforia, descolamento da realidade e, por fim, a dolorosa correção. Portanto, é justamente esse ciclo que muitos enxergam hoje na inteligência artificial.

Por que a IA pode ser uma bolha

Se olharmos com o filtro da história, os sinais são tentadores. Nos últimos dois anos, empresas de tecnologia e startups ligadas à IA viram seus valores dispararem. A simples associação ao termo “inteligência artificial” já basta para atrair investimentos vultosos, mesmo quando os resultados concretos ainda são incertos.

Além disso, as gigantes do setor – Microsoft, Google, Amazon, entre outras – investem centenas de bilhões em data centers, chips, plataformas de IA e mentes brilhantes. Startups atingem avaliações astronômicas sem sequer dar lucro. O entusiasmo beira o irracional, alimentado pelo medo de ficar de fora da “próxima grande onda”. É o mesmo instinto que levou pequenos poupadores a comprar ações de ferrovias em 1845 ou a apostar em sites sem receita em 1999.

O próprio CEO da OpenAI, Sam Altman, cuja empresa está no centro da corrida de IA, reconheceu que há exagero no ar. “Quando ocorrem bolhas, pessoas inteligentes ficam super excitadas com um núcleo de verdade”, disse Altman, referindo-se ao fato de que mesmo inovações legítimas podem inflar expectativas irreais. Perguntado se estamos numa fase em que os investidores estão empolgados além da conta com a IA, ele respondeu: “Na minha opinião, sim” . Ou seja, até o principal líder da IA atual enxerga sinais de bolha – ainda que, implicitamente, destaque que há um núcleo verídico de inovação motivando tudo.

Outro indício está na execução prática. Diversos estudos e levantamentos sugerem que boa parte dos projetos de IA não tem entregado os ganhos esperados. Por exemplo, quando pesquisadores do MIT analisaram 300 iniciativas de IA em empresas, 95% não demonstraram qualquer aumento de produtividade ou lucro decorrente da IA .

Há ainda um risco macroeconômico. Nos Estados Unidos, boa parte do crescimento recente foi impulsionada pelo boom de gastos em IA. Isso significa que, se a confiança esfriar, cortes abruptos de investimentos poderiam não apenas derrubar o setor de tecnologia, mas frear a economia como um todo – um paralelo desconfortável com 1929 ou 2008.

Por que a IA pode não ser uma bolha

Por outro lado, reduzir a inteligência artificial a mera espuma seria uma injustiça histórica. Diferente de tulipas, imóveis inflados ou empresas sem receita, a IA é uma tecnologia de base. Seu potencial é comparado ao da eletricidade e da internet, não apenas por hype, mas por aplicações reais em saúde, transporte, finanças e educação.

É verdade que muitas iniciativas não dão certo, mas isso também ocorreu com a eletrificação ou com os computadores pessoais. Grandes inovações costumam passar por um período de frustração inicial – o chamado “vale da desilusão” – até que empresas e sociedade aprendam a utilizá-las plenamente. A eletricidade, por exemplo, levou décadas para transformar fábricas; os computadores demoraram para aparecer nos indicadores de produtividade. Assim, a IA pode estar atravessando exatamente essa curva de aprendizado.

Além disso, há uma diferença estrutural em relação à bolha das pontocom. Naquela época, grande parte das empresas era frágil e dependia apenas de promessas. Hoje, quem lidera a corrida são corporações gigantes, com receitas diversificadas e poder de absorver erros. Microsoft, Amazon e Google podem bancar projetos fracassados de IA sem comprometer sua sobrevivência. Isso reduz a chance de um colapso sistêmico.

Por fim, mesmo que haja uma correção – e provavelmente haverá –, isso não invalida a revolução em curso. Após o crash de 2000, a internet seguiu firme e mudou radicalmente a economia global. Portanto, a correção apenas filtrou os projetos frágeis, permitindo que os sólidos florescessem. É razoável esperar algo semelhante com a IA: uma seleção natural que separa exageros de inovações verdadeiras.

O equilíbrio entre espuma e maré

O que temos hoje, portanto, é um cenário híbrido. Há sinais claros de exagero, típicos de bolha: expectativas infladas, investimentos guiados mais pelo medo de ficar de fora do que por fundamentos, e resultados ainda aquém das promessas. No entanto, há também um núcleo real, poderoso e irreversível: a inteligência artificial já transformou a forma como produzimos, consumimos informação e organizamos negócios.

Talvez o erro esteja em procurar respostas binárias. A IA como uma inteligência generalista pode ser, ao mesmo tempo, uma bolha e uma revolução. Bolha no curto prazo, com correções inevitáveis e talvez dolorosas. Revolução no longo prazo, com impactos que ainda mal conseguimos dimensionar se efetivamente se concretizar.

Para os jovens que observam esse movimento, a lição é dupla. É preciso cautela para não repetir a ingenuidade de investidores que apostaram em ferrovias fantasmas ou sites sem lucro. Mas também é preciso visão para não ignorar uma transformação histórica, como fizeram os que descartaram a internet após 2001.

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Escrito por Mateus Menezes

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